segunda-feira, 29 de junho de 2015

Deixa ser...

Nos olhos castanhos.
Nas raízes lisas e crespas
O preto no vermelho...
Os dedos multicores que se acariciam.
Nas línguas...
Nas pernas...
Um nariz que encosta no lábio, que se enrosca no queixo..
No desejo que se agarra na paixão
O vermelho no preto...
No arrepio das pernas
O beijo dado em pensamento
A maciez da madrugada distante
O branco no vermelho
O arco-íris no cinza
O feminino celebrado
Onde não há ponto final
Porque não há regras.

Maná.

Dois mais um corpos numa só cama, cheiros, mãos, pêlos
Uma bebida mais duas, num único copo
Dois, três, quatro, cinco, infinitos sonhos de uma só vez
Até parecia um sonho, daqueles que se acorda encharcada
Mas a respiração e os anseios corpóreos eram reais
Não se dominava, não se gemia falsamente, não abandonava o outro em nenhum momento
Não fingia estar gostando, naquela hora era impossível fazê-lo
O corpo estremecia só de ouvir suspiros e gemidos alheios
A pele arrepiava, a explosão do prazer se dava no outro, no âmago do seu toque
Na fala doce ao pé do ouvido, no olhar sob a luz escura do cômodo
Nos órgãos endurecidos e suplicantes, cheios de vida
Pelo outro órgão, também endurecido e pelo terceiro órgão, igualmente aos outros
Pela mente não passava nada, era tudo calmo
Não se sabia a hora, o dia, a localidade
Mas haviam almas entregues, se não existia fé, nesse dia ela nasceu
No corpo do outro, no suór do próximo, no corpo nu, próximo à cabeceira
E embora não dissessem, imploravam pelo terceiro corpo
Três, quatro, cinco berros, sussurros, gritos e suspiros
Silêncio, o ápice, o vento bateu forte nos rostos e, como num filme
Se olharam, as pernas trêmulas, o peito aberto, a boca seca
E o amor se deu, sem qualquer palavra
Se deu, se comeu, se perdeu e adormeceu.